um projeto audiovisual imersivo, percorre casas e comunidades caiçaras do litoral fluminense e paranaense, em busca da música, do cotidiano, da espiritualidade, da terra, dos modos de vida e todas as questões que atingem o caiçara contemporâneo.

21/08/2008

Criação de reservas X Expulsão das comunidades tradicionais

MÚSiCA e MODO DE VIDA, laços profundos...
Jane, dançarina de fandango, e seu pai, o Mestre de Rabeca e Fandango de Abacateiro, Leonildo, falam sobre o momento em que foram expulsos do Rio dos Patos- sítio onde algumas grandes famílias caiçaras roçavam, moravam, faziam farinha e fandango a noite inteira e dias adentro.
Com a expulsão das famílias e a perda do modo de vida, a cultura caiçara também entrou num processo de extinsão - já que a cultura é intrinsicamente ligada ao modo de vida e ambiente de um povo.
Nossa equipe passou 3 semanas fazendo uma vivência musical, espiritual e antropológica com os músicos que vos falam abaixo sobre o processo de desterritorialização sofrido.



Jane, dançarina, e seu pai Leonildo, mestre da rabeca, contam sobre a violenta expulsão da família do Rio Dos Patos, região caiçara transformada em reserva no Paraná.


A região foi transformada em parque no final dos anos 80, e , a população que habitava as áreas protegidas foi expulsa violentamente dali, sem que houvesse um plano de compensação financeira ou mesmo de re-educação ambiental (eles tiveram de passar do dia para a noite de lavradores para pescadores), ou qualquer projeto economico , social e cultural que servisse de apoio a estas pessoas destituídas de suas terras de origem e de seu modo de vida. O problema da criação e gestão dos parques e a questão das populações tradicionais se agravou muito durante os últimos anos, onde houveineficiência das políticas públicas socio-ambientais e mesmo da falta de atuação real das ONGs cadastradas no local (cerca de 80 Ongs)... Enfim, hoje o Paraná desenvolve um projeto pioneiro de Gestão Participativa, onde representantes das comunidades, autoridades ambientais que atuam na região (Ibama e outros), Ongs, Universitários, Reitores, Policias ambientais e outros , confrontam projetos, ações e pontos de vista com o objetivo de criar políticas e práticas mais democráticas. A Gestão Participativa ainda encontra-se em fase de desenvolvimento/experimentação. Nossa equipe participou de alguns encontros, e de fato, há um esforço de democratização, porém o que fica bastante claro é o abismo entre discurso, abordagem formal e/ou acadêmica e a necessidade diária, as conseqüencias diretas e reais das políticas no modo de vida caiçara - ainda muito a margem de um padrão aceitável de vida e desenvolvimento humano. Apesar dos discursos, as bases de higiene, educação e saúde ainda são precárias. Muitas comunidades não conhcem escolas nem colheta de lixo, por exemplo.

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